“Temos certos valores em nossa sociedade que
gostaríamos de preservar”, afirmou a presidente ao lado de Tony Blair
MONRÓVIA - Acompanhada do
ex-premiê britânico Tony Blair, a Prêmio Nobel da
Paz de 2011 e presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, defendeu a
legislação que pune a homossexualidade com cadeia em seu país. Imediatamente
questionado sobre sua opinião a respeito da declaração da liberiana, de modo
seco, Blair recusou-se a comentar o assunto.
"Temos certos
valores tradicionais em nossa sociedade que gostaríamos de preservar",
afirmou Ellen durante uma entrevista cujovídeo foi divulgado nesta segunda-feira, 19, pelo site do
jornal britânico The Guardian. Ela dividiu, em
reconhecimento à sua defesa dos direitos das mulheres, o Nobel da Paz do ano passado com a também liberiana Leymah
Gbowee e a "mãe da revolução" iemenita Tawakkol Karman.
Ao ser questionada se assinaria alguma proposta que
descriminalize o homossexualismo, a resposta da presidente foi negativa.
"Já tomei uma posição sobre isso. Não assinarei essa lei ou nenhuma lei
que tenha a ver com essa área, de maneira nenhuma. Gostamos de nós mesmos
exatamente da maneira que somos."
'Sodomia voluntária'
A Justiça da Libéria pune a "sodomia voluntária" com
até 1 ano de prisão. Dois projetos de lei em tramitação propõem sentenças mais
duras contra os gays, obrigados a esconder a homossexualidade para viver
tranquilamente na sociedade liberiana.
Após
ouvir as respostas da presidente, a repórter do Guardian pressionou Blair, que visita a Libéria
em nome da ONG Iniciativa
de Governança da África –
fundada pelo ex-premiê para fomentar "de serviços públicos e
desenvolvimento rural a infraestrutura e criação de empregos" no
continente – a fazer um comentário.
"Uma das vantagens de fazer o que estou fazendo agora é que
eu posso escolher os assuntos que abordo e os assuntos que evito. Para nós, as
prioridades são a respeito de energia, estradas, criação de empregos",
afirmou o ex-premiê, que durante seus dez anos à frente do governo britânico
defendeu os direitos dos homossexuais em seu país, apoiando leis que
beneficiaram a comunidade gay com a regulamentação da união civil entre pessoas
do mesmo sexo e a inclusão nas Forças Armadas, por exemplo.
"Não estou dizendo que esse assunto não é importante. Mas a
presidente já deu sua posição. E esse (assunto) não cabe a mim." A
repórter insistiu na pergunta, questionando se boa governança não tem a ver com
direitos individuais. Blair respondeu que aquela não era a primeira vez que
encarava "esse tipo" de entrevista. "Não darei a você uma
resposta sobre isso."
Pouco depois, a presidente interrompeu a entrevista, explicando
que não é função da ONG de Blair tratar dos direitos dos homossexuais.
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